1.
o que faz com que uma região com raio de 200km receba 60% do capital de risco do mundo?
Ao chegar aqui na semana passada — sim, estou falando diretamente do Vale do Silício; vim convidado para uma temporada de dois meses pela Link School of Business — comecei a observar cada minúcia do dia a dia por aqui para entender o que faz deste pedaço de terra um dos mais prósperos do planeta.
Ainda tenho pouquíssimas conclusões, é verdade; mas quero usar deste espaço como um ambiente de construção coletiva, a fim de registrar e compartilhar os principais elementos que estou vendo e vivendo por aqui.
Vamos juntos?
2.
em 1848, São Francisco tinha pouco mais de 1.000 habitantes.
Num dia qualquer, um cidadão desses encontrou uma pepita de ouro em seu caminho. Começava ali um movimento que mudaria radicalmente a história dos Estados Unidos da América: a corrida do ouro.
No ano seguinte, mais de 300.000 pessoas chegaram à Califórnia em busca de riqueza — os chamados 49ers. Muitas necessidades surgiram com esse aumento populacional e, aqueles que não encontravam ouro, tinham a ocasião perfeita para vender tudo que esse povo precisava comprar.
Assim, com capital abundante e um alto volume de oportunidades emergentes, a região se tornou um celeiro de empreendedorismo da noite para o dia.
3.
quatro mil quilômetros.
Essa é a distância entre as costas leste e oeste americanas.
Um dos empresários que assumiu a missão de conectar as pontas foi o St. Leland Stanford, que se mudou de Winsconsin para o oeste em 1852.
Leland era um homem letrado e assumiu o governo da Califórnia por dois anos. Aos poucos foi comprando terras e ferrovias na região, até assumir a liderança do projeto que atravessaria o continente com linhas férreas.
Leland se tornou um homem muito rico.
4.
Leland Jr.
Quis o destino que, em 1884, durante férias em família na Itália, o jovem Leland Jr., filho único, então com apenas 15 anos de idade, contraísse febre tifóide e morresse de forma repentina.
Com o coração partido, Sr. Leland quis fazer um memorial para o filho em forma de uma universidade. Investiu, na época, a impressionante quantia de 20 milhões de dólares. Nascia então, em outubro de 1891, a Leland Stanford Junior University, que viria a mudar não apenas o futuro da Califórnia, mas do mundo todo.
5.
HP, Google, Yahoo e Nike.
Estas são apenas alguns exemplos de empresas cujos fundadores estudaram em Stanford. Some o que elas já geraram de riqueza para o mundo. Some o que elas mudaram nas vidas das pessoas. Só isso já seria mais que suficiente para deixar o Sr. Leland orgulhoso. Mas dali saiu muito mais.
Com um portfólio desses, a universidade passou a adotar um critério muito claro — ou nem tão claro assim, na verdade — para selecionar seus alunos: o potencial de deixar um legado.
6.
le-ga-do
substantivo masculino
O que é transmitido a outrem que vem a seguir.
7.
chega uma época na vida, que nada importa mais que o legado.
Phil Knight, criador da Nike, doou 400 milhões de dólares para a faculdade de administração e carimbou seu nome em todo o complexo da faculdade de business.
Na década de 1970 Steve Jobs perambulou por ali, mas nunca foi um estudante normal. Em 2005 ele voltou para dar aquele memorável discurso do ‘stay hungry, stay foolish’.
Eu fico pensando em como seria o Brasil se nós tivéssemos essa noção de legado tão clara desde a educação básica. Isso conversa com ética, com cidadania. Seria lindo.

8.
foram apenas dois dias até agora.
Pisei em Stanford pela primeira vez na quinta-feira passada. A sensação foi bem parecida a de uma perda de virgindade: serve mais para falar que fez que para degustar o momento em si. Meio corrido, meio perdido, já era fim de tarde e eu não consegui absorver muita coisa.
Sexta-feira, no entanto, voltei com mais tempo. Deu para ter um cheiro do que significa aquele lugar. Um tesão intelectual alucinante se manifesta através de feromônios racionais. A biblioteca, as salas de aula. O refeitório, os cafés. Os prédios, os jardins. Tudo tem uma magia, uma áurea inspiradora que encanta qualquer olhar mais atento.
9.
nem tudo são flores.
No sábado, assisti ao time de futebol americano de Stanford levar uma bela sapatada da UCLA: 46 a 7. Em alguma coisa eles têm que ser ruins. Que bom que é no futebol americano. Salvemos a expertise local para os temas verdadeiramente relevantes.
10.
não existe osmose de conhecimento.
Infelizmente. Ou felizmente. Passar dias inteiros por lá podem não significar absolutamente nada se algo de concreto não for feito. Beber da fonte tem valor incalculável e esse é o plano pelas próximas semanas: entender como os negócios são criados aqui. Como uma ideia evolui até se tornar uma empresa global.
Você tem alguma ideia em mente? Compartilhe comigo! Quem sabe uma ideia sua com a minha busca aqui pode nos gerar milhões?! risos. Toda curiosidade pode se traduzir em uma oportunidade para que aprendamos algo novo, juntos. Vai ser um prazer te ouvir.
Um abraço,
Victor Sanacato
Turma, mudamos um pouco o rumo das histórias em função dessa estadia no Vale, mas o nosso quiz continua valendo! Somos 45 jogadores ativos e os 3 primeiros serão premiados com sessões ao vivo para desenvolver suas ideias de negócio — agora com esse tempero californiano!
Se você ainda não está jogando, pode voltar às edições anteriores e participar desde o início. No dia 07/11, serão divulgados os vencedores.
Nosso ranking hoje está assim:
🏅 #01: brunapet****@gmail.com | 140 pontos (segue na pole position)
🏅 #02: luciano@ang****.com | 140 pontos (chegou junto na pole!)
🥈 #03: marcelinof****@gmail.com | 130 pontos (subiu mais uma!)
🥉#04: mfis****@gmail.com | 100 pontos (ganhou uma posição)
🍪 #05: diogoas84@gmail.com | 70 pontos (pintou aqui pela primeira vez!)
P.S.: estou compartilhando pequenas pílulas da viagem através de meu instagram pessoal. Se quiser acompanhar, junte-se ao movimento por aqui.
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